Empreendedorismo. Eis aqui um exemplo de palavra que muita gente acha que sabe o que significa: abrir um negócio próprio. No entanto, eu gostaria de propor uma abordagem um pouco mais ampla sobre esta definição.
Todos os dias vemos novos negócios pipocando pela cidade. Igualmente, todos os dias vemos empresas fechando na cidade. Esta é a dura realidade. Para cada 100 novas empresas abertas, 56 não chegam a completar sequer 3 anos de vida, segundo estudo da SEBRAE. Esta alta taxa de mortalidade se deve à má preparação dos tais ‘empreendedores’. A maioria tem até boas idéias, mas não sabe estruturá-las na forma de um plano abrangente, real e eficaz. Outros são bons geradores de idéias mas péssimos administradores. Há ainda os que tem tudo para conduzir um bom negócio, mas carecem dos recursos financeiros para tal empreitada. Somente quem se aventura a iniciar um negócio próprio tem idéia das dificuldades que surgem no caminho. Problemas com sócios, de relacionamento, financeiros, de inadimplência, de decisões erradas por falta de informação e preparo, etc.
As dificuldades em ter um negócio próprio nem sempre justificam os benefícios como realizar um sonho, conquistar a independência financeira ou ter mais tempo para o lazer e a família. Muitos empreendedores acabam se arrependendo depois de uma tentativa sem sucesso e voltam para o modelo tradicional de emprego com carteira assinada, na busca de uma maior segurança.
Chegar ao sucesso sendo empresário é hoje tão difícil quanto chegar ao topo das organizações.
A maioria das pessoas tem a ilusão de que há mais chances de ser um empresário de sucesso porque acreditam que é um caminho que só depende de sua competência. Em primeiro lugar, esta competência é questionável, uma vez que as habilidades exigidas de um empresário são diferentes das habilidades exigidas em uma função específica no trabalho. A pessoa só vai saber se é competente como empresário quando passar pela experiência. Em segundo lugar, a dependência de outras pessoas aumenta ao invés de diminuir, pois ele passa a depender de clientes, fornecedores, funcionários, governo, contador, advogado, etc.
O funcionário também tem dificuldades para fazer bem o seu trabalho. Freqüentemente se vê limitado em muitas situações no exercício de sua função. Ele nem sempre pode implementar suas idéias pois se vê podado nas suas iniciativas. Quando se sobressai parece ameaçar outras pessoas, principalmente o próprio chefe. Na falta de liberdade, este tipo de funcionário acaba saindo da empresa para constituir seu próprio negócio. Por outro lado, comparado com a aventura de ter um negócio próprio, ele tem muitas vantagens: Tem um salário fixo e garantido todo mês, além dos benefícios; pode usar a estrutura da empresa para tocar seus projetos, que inclui máquinas, equipamentos, pessoas e conhecimento; atua num ambiente mais controlável e conhecido.
Diante das vantagens e desvantagens de ser funcionário ou empresário a pergunta que faço é: Qual é a melhor opção de carreira? Empresário ou empregado? Embora cada alternativa tenha suas vantagens, nenhuma delas parece ser ideal, pois ambas têm suas restrições e problemas.
E porque não pensar numa alternativa híbrida? Um misto das duas? Não estou querendo dizer que você pode tocar um negócio próprio mantendo o emprego. O que eu digo é: ser empreendedor no seu próprio trabalho. As oportunidades para aproveitar o melhor dos dois mundos estão crescendo em empresas inseridas em mercados competitivos. Abra o caderno de empregos e você constatará o que estou falando. Veja quantos anúncios de emprego pedem candidatos com ‘perfil empreendedor’. Talvez agora faça sentido eu dar minha própria definição de empreendedorismo: Tomar a iniciativa de conduzir um empreendimento qualquer, seja uma empresa, um negócio ou um projeto, assumindo os riscos inerentes em troca de alguma forma de recompensa. O empreendedor, sob este aspecto, pode estar em qualquer lugar, em casa, na escola, no trabalho. A partir do momento que ele decide transformar uma idéia em realidade ele já pode ser considerado empreendedor.
Com isso, entendemos que mesmo em grandes organizações tradicionais há espaço para funcionários com espírito empreendedor. Que chamam para si a responsabilidade de realizar ações de valor agregado para a organização, motivado pela satisfação pelos resultados, pelo reconhecimento ou pelo simples desafio que lhe é imposto.
Um dos mais conhecidos intra-empreendedores conhecidos é Art Fry, criador, pela 3M, dos hoje indispensáveis bloquinhos auto-adesivos conhecidos como Post-it. Uma vez fizeram a seguinte pergunta para ele:
‘Porque você, com este talento criativo, suas competências e conhecimento, não saiu da 3M para abrir o seu próprio negócio?’ E ele respondeu: ‘Para quê? Aqui tenho uma equipe de engenheiros e técnicos à minha disposição para testar minhas idéias, tenho toda a infraestrutura necessária para conduzir meus projetos. Porque eu sairia deste ambiente para me aventurar no mundo lá fora?’
E você? Se você pensa em ter um negócio próprio, o que o levaria a sair da sua empresa para correr estes riscos? Por dinheiro? Pela realização? Pela liberdade? E se a sua empresa lhe oferecesse um pouco de tudo isso, correndo menos riscos? Você continuaria na empresa ou sairia mesmo assim?
fonte: administradores.com.br
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