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Lucro financeiro vs. estoque

Lucro financeiro vs. estoque

Diferentemente da contabilidade tradicional, que realiza a dedução dos custos das mercadorias vendidas de acordo com o seu faturamento, a proposta do lucro financeiro efetua a dedução pelo vencimento. Na verdade, apura-se um resultado que irá afetar diretamente o caixa da empresa, inclusive pontuando as contas que não foram liquidadas no seu vencimento.

Durante o tempo em que prestei serviços de consultoria financeira a algumas empresas no setor de confecções, pude observar que essas indústrias eram obrigadas a pedir antecipadamente, no início das coleções, o tipo de tecido, estampas e cores que deveriam trabalhar, sem saber ao certo qual deles teria a maior procura. Sendo um setor muito dinâmico, ocasionalmente aconteciam problemas (sobras) com o chamado estoque dos produtos acabados e de matéria-prima, pois, no final das coleções, mudavam-se os modelos, as cores e as estampas e quase sempre percebia-se que sobravam duas alternativas comerciais; segurar aquele "abacaxi" visando vender o mesmo produto no próximo ano com o preço "justo", ou repassá-lo logo a preço de custo para fazer caixa, o que era mais comum.

Sendo assim, como um gestor financeiro precavido, comecei a desconsiderar o valor do estoque no meu cálculo de lucro, principalmente porque achava que esse valor era uma variável instável, podendo interferir aleatoriamente nos resultados, dando margem a  interpretações equivocadas no que tange às decisões de caráter estratégico e financeiro. Passei, então, a considerar o valor do estoque nos cálculos do lucro, somente no momento em que este realmente fosse realizado (faturado).

De qualquer forma, observando a sazonalidade de certos segmentos da economia, pode-se concluir que não dá para ficar tirando conclusões com base apenas na apuração do resultado mensal, sempre se deve avaliar um período maior que englobe todas as operações boas e ruins, ou seja, ter um olhar sobre o total.

Existem situações em que o custo necessário para controlar devidamente o estoque pode ser até mais alto do que os benefícios esperados; neste caso, deve-se verificar a curva ABC de fornecedores, produtos, giro, margem e valorização, definindo as prioridades e itens necessários para um maior controle e acompanhamento.

Uma empresa que tenha um alto valor de estoque e baixo giro de mercadorias poderá até ter seu resultado financeiro comprometido, o que dificultaria a continuidade de suas operações, bem como o pagamento das contas estratégicas necessárias a sua sobrevivência e busca por crescimento.

No caso do lucro financeiro, deve-se ficar atento aos níveis de estoque, pois, muitas vezes, uma perda ou um ganho na margem de contribuição pode estar apenas relacionado com a variação de volume destes.

Evidentemente que o departamento financeiro não deixa de acompanhar e saber como andam os estoques da empresa, pode até efetuar projeções, mas, no final, acho que deve contar mesmo é com os recursos de liquidez mais imediata (disponibilidades + contas a receber). 

Podemos, então, dizer que o setor financeiro tenha uma preferência pela liquidez seca (ativo circulante - estoque / passivo circulante), sabendo de antemão que se pagam as contas com créditos monetários e não com produtos. Algumas vezes já escutei a seguinte frase: "Pelo balancete contábil até que a minha empresa deu lucro, mas acho que este ficou no estoque".

Fonte: administradores.com.br

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